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Sobre o intercâmbio, filosofias e outras bobagens.
Sobre o intercâmbio, filosofias e outras bobagens.

Belezinhaaaaaaaaaaa??? =)

One, two, three, four...

Get my shoes and out the door !!!

Five... I’m alive

Six, seven, eight... feeling great!!

Nine... gonna shine, life is good, I’m doing fine
Ten... gonna do it right and do it again!!!

 

Você está morando fora? O que houve? Algum programa da faculdade? Quando você volta? É pra sempre? Me explica como foi. Por que Dublin?

Perguntas. Perguntas. Mais perguntas. Mas tudo bem para mim. Vamos ás respostas alucinantes.

 

 

 

Eu nunca sabería o que é sair de casa sem viver o que estou vivendo. Cada único momento. A experiência desafiadora de sair de casa. Ou mais – a libertadora sensação de sentir a casa sair de mim.

Alguns acham que o difícil é sair da sua cidade, do seu país, da sua casa, mas o difícil é saber o que fazer em outro lugar sem tudo aquilo que você sempre precisou. Família. Amigos. Calor. Comida brasileira.

No dia 26 de Março de 2015 cheguei em Madrid, ainda era cedo, em torno de umas cinco da manhã. Ao descer do avião não senti o frio desesperador que eu pensava, estava frio, mas não tão frio, também, né, eu tinha passado exatamente 10 horas dentro de um avião gelado. Tanto faz como fez, áquela altura o meu corpo já estava se sentindo em casa. Tentei ler durante o vôo aquele livro de uma escritora irlandesa, que eu comprei dois dias antes de viajar, quando fui ao shopping com a minha amiga Laís. MERDA. Livro merda. DE-TES-TEI. Só falava de um grupo de amigos que odiavam a vida que levavam, porque ou faziam muita merda ou porque não faziam merda nenhuma. ILUSÃO. Comprei apenas porque era de uma escritora irlandesa, na verdade, eu só descobri depois, TÁ. Eu confesso que escolhi mal dessa vez. Mas a culpa é de Laís, que apoiou essa aquisição. Não consegui ler. Não consegui dormir. Apenas ouvi por umas três vezes o mesmo show da Pink (Live in Melbourne), porque exatamente nesse vôo eu descobri que amo todas as músicas dela, ô meu Deus, em que espécie de mundo eu estava? PAREM esse meu mundo agora que eu quero descer!! 

Medos, voláteis, pouco a pouco se esvaziaram. O aeroporto, a partida, a ilusão de estar só. Como é bom não saber que aquele olhar meio perdido pela janela do avião é a última versão inédita de nós mesmos. Jamais retorna o mesmo que vai. Graças a Deus por isso. 

.... E finalmente, eu cheguei no aeroporto de Dublin, sim, na Irlanda. Algumas horas depois e FRIO. FRIO. FRIO. FRIO. Não tinha ninguém me esperando, não tinha meu pai, não tinha minha mãe, um tio, sei lá, qualquer pessoa conhecida, Oops. O transfer tinha chegado minutos depois perguntando quem era Mônica Fernandes, na verdade, eu tinha direito a um transfer, nem sabia... Mas tudo bem - Agora vou para o endereço tal ---. FRIO. FRIO. FRIO. MAIS FRIO.

Ao contrário do que geralmente aprendemos, chegar é, apenas, o primeiro passo. Um campo aberto de possibilidades se inicia a partir de então. É como ter a oportunidade de reconstruir parte da história de sua vida, de forma consciente. Novos círculos familiares, novos grandes amigos, novas descobertas e habilidades.

... Retirada de visto no país, abertura de conta bancária no país, aluguel de uma casa, carteira de estudante, PPS... Ufa! Não necessariamente nessa ordem, mas eu tive que correr atrás de tudo isso sem intermédios. Agora, tudo ok. 

Eu havia morado 8 meses sem os meus pais, mas eu podia vê-los em todos os finais de semana que eu quisesse, agora, obrigada Deus pela existência da tecnologia, que nunca é o suficiente, mas quebra o galho, porque morar fora é MAIS uma lição de MORAL. Intensidade e esvaziamento. Liberdade e desapego. Entre outras descobertas, como essas:

Morar fora é descobrir que você precisa se virar sozinho sempre.

Morar fora é descobrir que o mundo é um lugar nojento, mas divertido na maioria das vezes.

Morar fora é descobrir que o seu país tem problemas, mas em todo lugar têm os seus problemas.

Morar fora é descobrir que você não é o centro das atenções. As pessoas que ficam seguem a vida. UÉ.

Morar fora é descobrir que o euro vale quase 4 vezes mais do que o dinheiro que você usa em seu país, então se você converter tudo vai ficar muito triste por isso.

Morar fora é descobrir que existe gente bonita em seu país, mas existem pessoas incrivelmente lindas fora dele por todas as partes, em todas as esquinas. E isso é absolutamente normal, então você pensa "ainda bem que eu não levava esse negocio de beleza a sério".

Morar fora é descobrir que as pessoas não ligam pro que você veste ou faz. Que esse negócio de ligar para a roupa que o outro está usando ou pro que o outro está fazendo é coisa de gente do seu país.

Morar fora é descobrir que existem pessoas incrivelmente gentis.

Morar fora é descobrir que existe igualdade.E que ser rico não diz muito a seu respeito.

E eu não tenho certeza de que a vida de qualquer pessoa no mundo aconteça exatamente do jeito que se imagina. Mas o que eu sei é que o que podemos fazer é tentar sempre agir para que tudo aconteça da melhor maneira possível porque a língua inglesa é o que menos aprendemos. O que mais aprendemos é sobre nós mesmos!

Mônica Fernandes