Ás vezes eu me sinto absurdamente sozinha. Chego da aula, mas antes disso encaro a vida e sigo me esbarrando entre os percalços que encontro no caminho. Logo quando acordo, quero café, uma torrada e sair logo de casa. Quero que o pôr do sol comece logo, meu corpo se apressa para as tarefas do dia na esperança de que se eu for “rápida” o dia vai passar “rapidinho”. Triste ilusão. A vida é tipo o amor da vida da gente, aqueles... Que duram para sempre, sabe? Só que não. Como dizem por ai. Eu quero que a minha felicidade seja eterna, mas não tem jeito. Uma hora a gente tem que encarar o silêncio, coitado do silêncio, sempre caracterizado como algo ruim. Mas eu amo o silêncio. Quando pego o último ônibus, na verdade, o meu último ônibus do dia, diga-se de passagem, mas se for o último mesmo é pura coincidência, enfim, fico encarando a lua pelo vidro fechado, para evitar que aquele vento gelado toque o meu corpo, e pensando o que vai estar me esperarando em casa. Desço do ônibus e caminho pela rua, só tem os porteiros dos edifícios para que eu possa dar boa noite, continuo andando e chego ao meu prédio também silencioso. Não adianta, estou fadada ao silêncio, que de tão meu, passou a ser amado. Se o silêncio não existisse, também não existiria o sonho e eu, com certeza, não escreveria. E talvez esse seja o motivo de eu me sentir tão sozinha, ora tudo contribui para que eu escreva. One beautiful day. É o que eu preciso quando a noite finalmente cai. Tudo isso para concluir que a realidade é simplesmente um destino que encontrou o seu passageiro, mas, neste caso, eu não sou nem o destino, nem o passageiro, sou a andorinha, pescador no céu, passarinho no mar, posso ser o que eu quiser e como quiser porque gosto mesmo é de uma fantasia.
Ás vezes eu me sinto absurdamente sozinha, porque gosto mesmo é de uma fantasia.